O primeiro contato do povo persa com o cinema começou bem no início da história do cinema. Em Junho de 1900, em Contrexeville, França, durante sua primeira viagem à Europa, Mozaffar ad-Din Shah Qajar (O Xá da Pérsia entre 1896-1907) viu cenas filmadas com a câmera de cinema francesa que havia sido inventado apenas cinco anos antes. O Xá ordenou que seu fotógrafo real, Mirza Ebrahim Khan Akkas Bashi, comprasse uma câmera Gaumont. As filmagens que fez em um festival de flores em Ostend, na Bélgica, foram provavelmente as primeiras filmagens feitas por uma pessoa persa. De volta a Teerã, Akkas Bashi recebeu a ordem de filmar os leões no zoológico real de Farahabad e as cerimônias do Moarrão (o primeiro mês do calendário islâmico). Ele também se tornou a primeira pessoa a exibir filmes na corte e em casas particulares em casamentos, nascimentos e circuncisões. Porém, todos esses filmes antigos estão perdidos.
A primeira pessoa a abrir um cinema público foi Mirza Ebrahim Khan Sahhafbashi, um homem que viajava com frequência para o exterior a negócios. Sahhafbashi abriu sua casa cinematográfica em Novembro de 1904 no Teerã e, por cerca de um mês, exibiu comédias curtas e noticiários de dez minutos (originais ou reconstruídos), a maioria obtida de Odessa e Rostov. Exibições de filmes regularmente programadas foram introduzidas no Teerã por Ardeshir Khan, que trabalhou na Pathé, em Paris, na virada do século e trouxe de volta à Pérsia o cinematógrafo, o fonógrafo e a bicicleta. Em 1913, abriu uma sala de projeção acima de uma livraria francesa e balcão de pastelaria e, em dias agitados, as apresentações eram acompanhadas por um piano e um violino.
No início da década de 20, o número de casas de exibição começou a aumentar, tanto em Teerã quanto nas províncias. Por volta de 1925, Ali Vakili abriu um cinema com 500 assentos e, em 1928, um imigrante russo chamado Arnold Jacobson abriu um cinema no final da mesma rua e foi o cinema mais luxuoso de Teerã, com filmes acompanhados de piano e, posteriormente, acompanhados de uma pequena orquestra. As exibições no Teerã foram inicialmente reservadas apenas para homens, mas eventualmente exibições especiais foram organizadas para mulheres. Em 1928, três tentativas de estabelecer cinemas separados para mulheres tiveram fracasso comercial, e, no mesmo ano, foram permitidas audiências mistas. Havia entradas separadas para homens e mulheres, que se sentavam em lados opostos de um corredor central.
Os filmes, na época silenciosos, eram geralmente acompanhados de comentários por um homem ou uma mulher, dependendo da audiência, e essa pessoa subia e descia o corredor resumindo a história em voz alta. Baba Motazedi introduziu intertítulos em língua persa, inseridos no filme em intervalos para explicar o que estava acontecendo. Os intertítulos continuaram sendo o principal meio de encapsular o enredo até a década de 60, quando a dublagem de filmes estrangeiros foi adotada na Pérsia.
Ovanes Ohanian, um armênio que aprendeu sobre a indústria cinematográfica na Rússia, foi para a Pérsia 1930, onde fundou a Parvareshgahe Artistiye Cinema, a primeira escola de cinema do Irã. Com seus estudantes e filmagem de Baba Motazedi, Ohanian dirigiu o primeiro longa-metragem iraniano da história, Abi and Rabi (1930), e foi um sucesso no país. Em 1933, Ohanian dirigiu seu segundo filme, Haji Agha, porém foi ofuscado por Lor Girl, o primeiro filme em língua persa com som, feito por Abdolhossein Sepanta e lançado no mesmo ano. Apesar de ser considerado uma produção persa e com atores persas, o longa foi filmado na Índia. No entanto, o primeiro filme com som produzido dentro da Pérsia foi Storm of Life (1947).
Em 1932, havia oito cinemas em Teerã e alguns outros nas províncias. Em Agosto de 1930, Ali Vakili fundou a primeira revista dedicada à filmes, que na época eram importados principalmente do exterior. Com o sucesso de Lor Girl (1933), os distribuidores que exibiam filmes estrangeiros no país passaram a temer competição com produções nacionais e dificultaram a produção de novos filmes. Apesar alguns lançamentos nacionais, também sem a ajuda do governo, nenhum outro filme foi produzido no país até cerca de 1945.
Com o retorno de produções nacionais na segunda metade da década de 40, o cinema persa começou a ascender apenas a partir da metade da década de 50, quando havia 22 produtoras em funcionamento e já havia 58 filmes persas produzidos. A tendência da época nos filmes persas era replicar filmes egípcios, turcos e indianos, com melodramas e uso de cantoria e danças em cenas. Nos início anos 60, já havia cerca de 25 filmes sendo feitos anualmente e cerca de 65 filmes anualmente no fim da década. Alguns desses filmes já eram exibidos em festivais internacionais, como Festival de Cannes, e, no início da década de 70, havia cerca de 450 cinemas no país. Desses, mais de 100 ficavam no Teerâ e quase 500 filmes já eram exibidos comercialmente por ano, entre filmes estrangeiros e nacionais.
Em 1964, foi criado o Departamento de Cinema dentro do Ministério da Cultura para administrar a indústria cinematográfica no país e o uso de censura do conteúdo que poderia ser exibido. Em 1972, foi fundado o Festival de Teerã, que durou 6 anos. Após a Revolução Islâmica do Irã de 1979, outro festival foi fundado, o Festival de Cinema Fajr, que acontece desde 1982 até atualmente. O Festival de Cinema Fajr é administrado pelo Ministério da Cultura.
Durante a Revolução, mais de 250 cinemas foram queimados ou fechados. Após a Revolução, havia menos de 200 cinemas pelo país e houve mudanças nas exibições, produções e importações de filmes. A censura aumentou para se adequar à moralidade islâmica e, entre 2 mil filmes inspecionados, cerca de 1800 filmes eram banidos. Por conta das novas regras nacionais pós-revolução, muitos cineastas e atores foram banidos e tiveram que se exilar e, por muitos anos, isso causou uma consequência na quantidade e qualidade das produções no país.
De lá para cá, em passos pequenos, o cinema iraniano foi capaz de se recuperar e começou a ganhar destaque internacional com trabalhos artísticos de cineastas que vinham surgindo, como Abbas Kiarostami, considerado um dos melhores diretores da história do cinema. Kiarostami colocou de vez o cinema iraniano no mapa mundial quando venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes com o longa Gosto de Cereja (1997). Desde então, filmes iranianos tiveram uma presença forte em festivais de prestígio como Cannes, Veneza e Berlim. Em 2006, 6 filmes iranianos foram exibidos no Festival de Berlim, o que foi considerado um grande marco na história do cinema iraniano. Atualmente o maior destaque do cinema iraniano é Asghar Farhadi, que já venceu dois Oscars de Melhor Filme Estrangeiro. Hoje, o cinema do Irã é considerado, possivelmente, um dos mais únicos e influentes cinemas do mundo.