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- 11/05/2020 08:36:49

 

Glauber de Andrade Rocha nasceu no dia 14 de Março de 1939 em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, e se mudou com sua família para Salvador em 1947.

Em sua adolescência, estudou em uma das principais escolas presbiterianas da região e já atuava e escrevia peças de teatro, além de participar de cinema amador. Desde jovem já mostrava interesse e talento para a área. Aos 16 anos, trabalhou em um jornal local, escrevendo crítica de filmes. Ao finalizar a escola, ingressou na  Faculdade de Direito da Bahia (hoje fazendo parte da Universidade Federal da Bahia) e, após fazer alguns trabalhos como assistente, em 1959, Glauber Rocha dirigiu seu primeiro curta-metragem, ?Pátio?.

Em 1961, após começar a ganhar reconhecimento por seu trabalho crítico e artístico, largou a faculdade para se concentrar em sua carreira jornalística focada em cinema. Em sua autobiografia, afirma que foi o filme ?Rio, 40 Graus? de Nelson Pereira dos Santos contribuiu definitivamente com sua influência e desejo para fazer filmes. Em 1957, visitou o set de Rio Zona Norte (1957) de Nelson e começou a se fazer conhecido pela comunidade de cinema. Em 1960, assumiu o cargo de gerente de produção de um filme e, devido a várias disputas com o diretor Luiz Paulino dos Santos, o projeto foi finalizado por ele. O projeto que veio disso foi o primeiro filme de Glauber Rocha, Barravento (1962).

Seus três próximos filmes, que formaram uma trilogia, foram seus filmes mais aclamados e os três concorreram à Palma de Ouro no Festival de Cannes: Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1968). Rocha venceu o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes com o filme Terra em Transe. Com essa trilogia, Glauber Rocha ficou altamente conhecido pelo mundo cinematográfico e logo se tornou um dos principais nomes da história do cinema brasileiro, sendo adorado por grandes cineastas como Jean-Luc Godard.

O diretor francês o convidou a gravar um segmento no seu trabalho O Vento do Leste (1970), feito pelo Dziga Vertov Group, um grupo de cineastas políticos, o qual Godard acreditou que Glauber Rocha se encaixasse por seus filmes plenamente políticos, principalmente pelo fator da ousadia de ter lançado a trilogia durante a ditadura brasileira, com relevantes críticas sociais, abordando a decadência da sociedade e também com o idealismo de acabar radicalmente com as cópias das convenções do cinema americano, influenciado pelo Neorrealismo Italiano e a Nouvelle Vague.

Seus próximos dois filmes, Cabeças Cortadas (1970) e O Leão de Sete Cabeças (1971) foram filmados fora do país por conta da ditadura e, em 1971, decidiu por exílio, se mudando entre Espanha, Chile e a Riviera Portuguesa. Glauber Rocha passou grande parte do resto da sua vida em seu exílio, com pequenas passagens de volta pelo Brasil para realizar alguns trabalhos. Após seu exílio, trabalhou em mais cinco documentários e três longa-metragens. Seu último filme foi A Idade da Terra (1980) que concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, mas causou muita polêmica, boicote de críticos e acabou sendo crucificado pelo público por ter sido produzido pela Embrafilme, empresa estatal durante o governo da ditadura militar.

Glauber Rocha morava em Residia, em Portugal, quando adoeceu e foi hospitalizado em Lisboa. Depois foi transferido para um hospital no Rio de Janeiro e veio a falecer 18 dias depois, no dia 22 de Agosto de 1981, aos 42 anos de idade. Sua certidão de óbito acusa choque bacteriano como causa de seu adoecimento, porém, devido à informações mais recentes, muitos acreditam que o governo da ditadura teve influência em seu adoecimento.

Glauber Rocha foi o principal rosto do movimento do Cinema Novo no Brasil e no mundo. Seus trabalhos ainda são considerados de grande relevância e muita influência no cinema do país, sendo considerado o maior cineasta do cinema brasileiro, ainda constantemente mencionado por profissionais nacionais e internacionais como Martin Scorsese, que frequentemente cita Glauber Rocha como uma influência e fez uma homenagem para o cineasta brasileiro na Cahiers du Cinéma na edição número 500, lançada em Março de 1996.


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